Uma é tímida, de fala mansa e poucas palavras. A outra é falante, extrovertida e expansiva. A primeira é a ponteira Sassá, jogadora do grupo atual que mais vestiu a camisa do Brasil: 189 vezes. A outra é a líbero Fabi, atleta mais experiente da equipe, com 30 anos. As duas são companheiras de quarto na seleção brasileira desde 2003. São sete anos de convivência intensa e cumplicidade, tempo suficiente para que se entendam por um simples olhar.
“Nós nos conhecemos há muito tempo e nos entendemos pelo olhar. Sei exatamente o que a Sassá está sentindo. Sei quando está de TPM ou quando não está gostando de alguma coisa”, conta a carioca Fabi, que chegou à seleção em 2001. Para Sassá, a diferença entre os temperamentos pode ser o segredo do sucesso de uma amizade duradoura. “Deve ser por isso que nos damos tão bem. A Fabi tem esse jeito brincalhão. Às vezes, eu estou quieta, na minha, e ela começa a falar. Conversamos, damos risadas, nos divertimos juntas. Ela coloca qualquer um para cima. Eu sou muito tímida. Só me solto quando tenho muita intimidade com a pessoa, como é o caso da Fabi”, diz a mineira Sassá, que integra a equipe brasileira desde 2002.
Por causa da rotina intensa de treinos, viagens e jogos pela seleção, Fabi e Sassá por vezes passam mais tempo juntas do que com as próprias famílias. As jogadoras se transformaram quase em irmãs ou em mãe e filha, como Fabi faz questão de contar. “Eu tenho que cuidar da Sassá. Ela não tem horário para nada. Nunca sabe a programação dos treinos ou das refeições. Eu é que tenho de saber e lembrar de tudo. De manhã, também sou eu que a acordo. Sei que ela gosta muito de dormir. E eu não me incomodo de acordar antes. Então, eu sempre levanto primeiro, tomo banho, para ela fazer tudo em seguida. Assim não enrola a dinâmica do quarto”, entrega Fabi.
Para Sassá, não resta outra opção a não ser concordar. “A Fabi é mãezona mesmo. É ela que sabe o horário de tudo. Ela sempre acorda primeiro e depois me chama”, confessa. Como em toda convivência prolongada, as brigas, implicâncias e apelidos fazem parte da rotina das campeãs olímpicas. “Passamos muito tempo juntas e brigamos às vezes. Em 2007, ficamos três dias sem nos falar. Nem lembro mais o motivo. Mas, em geral, discutimos e resolvemos tudo na hora. Faz muito tempo que não brigamos”, afirma Sassá, que apelidou Fabi, de 1,69m, de anã de jardim.
“Também não lembro o que aconteceu em 2007, mas a culpa deve ter sido minha. É realmente muito difícil tirar a Sassá do sério. Ela é muito calma, quase não se irrita. Mas eu sei o que é capaz de estressar a testa: deixá-la sem internet. Ela é dependente do computador e não consegue viver sem falar com os pais e com os amigos”, revela Fabi, explicando que testa é a forma “carinhosa” pela qual trata a amiga. E para quem acha que Sassá é realmente quietinha, Fabi apressa-se em derrubar a fama da companheira. “Todo mundo acha que a Sassá é quieta. Até as meninas aqui da seleção pensam assim. Não é nada. Quando estamos no quarto, ela fala o tempo todo. Ou comigo ou no telefone. Só quem convive muito com a Sassá é que sabe como é. É diferente quando está em grupo. Comigo ela se solta muito mais”, conta.
“Já me acostumei de tal forma com a Sassá, que quando tenho que dividir quarto com outra jogadora, no clube por exemplo, já acho esquisito. Sempre conversamos sobre como vai ser quando eu ou ela deixarmos a seleção. A que ficar vai estranhar muito. Sentimos falta uma da outra”, completa a líbero. Fabi e Sassá possuem temperamentos opostos, mas uma coincidência importante contribui para a sintonia entre as jogadoras: a paixão pelo futebol e pelo Flamengo. “Quando estamos com a seleção, sempre assistimos juntas aos jogos do Flamengo. Nós duas adoramos futebol e torcemos pelo mesmo time. Acho que outra jogadora não aturaria nossas manias”, encerra Sassá.
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