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quinta-feira, 29 de abril de 2010

(SUPERLIGA) Após superar drama com a mulher, Piá quer fechar o ano com título da Superliga

Piá pensou em interromper a carreira, pela doença da esposa


As férias na casa da mãe, no Paraná, serviriam para que aquele casal, junto há pouco tempo, pudesse planejar melhor uma possível troca de país. Piá queria arriscar uma temporada em quadras estrangeiras, mas, por muito pouco, não ficou longe também das brasileiras. De um dia para o outro, os dois tiveram de voltar às pressas para Belo Horizonte. Santuza, a mulher, descobriu que tinha linfoma de Rodkin, uma forma de câncer com origem nos gânglios linfáticos. Diagnóstico que fez o jovem ponteiro pensar até mesmo em interromper temporariamente a carreira para não atrapalhar o tratamento. Só mudou de ideia depois de receber o convite de Montes Claros, que veio acompanhado de uma coincidência.

- Eu não queria mais ir para o exterior e nem para outra cidade daqui. Não queria ficar longe dela. Até que me ligaram falando que um time estava sendo montado em Montes Claros, mas eu não sabia quem viria e muito menos nada sobre a estrutura. O Ezinho me procurou e disse que estava na equipe. Fiquei louco para aceitar também, mas ainda precisava saber se minha mulher poderia vir junto. O oncologista dela falou que não precisaríamos ficar preocupados porque a mulher dele era médica aqui. Foi uma coincidência feliz - disse o jogador de 23 anos, que enfrenta o Florianópolis neste sábado, às 9h30m, na decisão da Superliga masculina. 

Dias difíceis, contudo, estavam por vir. Para tentar passar melhor por eles, Piá recorreu a quem tinha vivido o mesmo pesadelo. Entrou em contato com Raquel, esposa do campeão olímpico Gustavo Endres, que venceu a mesma doença.

- Ela me deu dicas, conselhos, e disse que seria um tempo ruim. Que ia piorar, que o cabelo ia cair, mas que tudo ia passar. E passou mesmo. Mas o problema acabou me dando mais força e mais inspiração. Eu não podia chegar no treino de mal com todos os meus companheiros felizes. Eles se esforçavam para me fazer dar risada e eu levava essa alegria para casa. Dizia para Santuza: "Não sei se vou ganhar algo esta ano, mas que vou ser feliz em quadra, isso eu vou" – lembrou Piá, ainda em Montes Claros, pouco antes de viajar para São Paulo, palco da decisão de sábado. 

A felicidade tem relação direta com a união do grupo, como ele diz nunca ter visto na carreira. União que fez o time chegar à final logo em sua primeira participação na Superliga. O desfecho dessa história? Piá não consegue imaginar outro. 

- Eu espero que seja feliz, né? Nós não temos outro pensamento. Foi o ano mais difícil da minha vida, mas de grandes lições. Eu caí no momento certo, no grupo certo. E pensar que podia não ter vindo e podia ter até parado de jogar... - sorri.

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