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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

(SUPERLIGA) Nos bastidores, Robertinha ajuda a montar a estratégia da Unilever

Robertinha faz parte da 'Equipe Bernardinho' desde 1997 (Foto: Divulgação)

Toda temporada a história se repete. Assim que termina o trabalho de coordenadora da área de estatística e filmagem da seleção brasileira adulta masculina, a paulista Roberta Giglio, a Robertinha, está a postos para ocupar a mesma função na equipe Unilever. Essa tem sido a rotina desde 1997, quando passou a trabalhar com o técnico Bernardinho. Roberta, de 39 anos, formada em Educação Física, filma os jogos dos adversários da Unilever e faz as marcações táticas para que o treinador e o assistente-técnico Hélio Griner possam montar a melhor estratégia possível para a partida. E, sempre que Bernardinho julga necessário, ela está no ginásio de jogo, narrando para o técnico, por meio de um ponto no ouvido, as ações prováveis e estudadas do rival.

O software que utiliza foi desenvolvido por seu pai, Cláudio, administrador de empresas aposentado, que decidiu socorrer a filha por causa do emaranhado de dados trazidos da Itália pelo técnico Renan, com quem ela trabalhava em 1996, no Chapecó (SC). Robertinha resolveu colocar tudo no computador e acabaram criando um programa de nível internacional, que não deixa nada a desejar aos mais requisitados do mercado. Com pouco tempo para se dedicar à família e aos amigos, já que passa a maior parte do ano envolvida em viagens e competições, Robertinha, uma autêntica tricampeã mundial, fala, nesta entrevista, da importância de seu trabalho, do país que mais gosta de visitar e de sua competição inesquecível.

Como você, que dava aulas de vôlei, começou a atuar na área de estatística?
Robertinha: Em 1991, durante a faculdade de Educação Física, fiz um curso de Avaliação Técnica em Voleibol, que acabou abrindo as portas para futuros trabalhos. O meu primeiro emprego como estatística foi no São Caetano. Já havia feito um treinamento no clube durante a Liga Mundial de 92. Depois disso, fui assistir a um jogo do Campeonato Paulista, reencontrei o pessoal e acabei ajudando durante a partida. Fui colaborando, colaborando, até que um dia o diretor me convidou para o cargo, que estava vago por causa da saída da Sandra Caldeira. A final da Liga Nacional 92/93, entre São Caetano e Minas, marcou oficialmente minha estreia na função.

Como conheceu Bernardinho?
Robertinha: O Renan, com quem eu trabalhava no Chapecó, comentou com o Bernardo sobre o programa que eu estava começando a desenvolver. Quando houve uma oportunidade, o Bernardo me procurou em um ginásio para se apresentar e conversar a respeito. A equipe Unilever (na época chamada Rexona) foi criada em 1997 e, então, ele me convidou para trabalhar com ele. Vale dizer que o programa ideal só ficou pronto em 2002. O Bernardo foi muito paciente e acreditou o tempo todo que o projeto daria certo. Ele poderia ter optado pela fórmula mais simples, que era comprar o software no mercado e ter as mesmas informações da maioria das equipes internacionais. Mas ele sempre foi um profissional de visão. Investiu para ter a seu dispor um programa adaptado às suas necessidades, em constante evolução a seu favor. Ele tem um espírito empreendedor.

O que a equipe Unilever ganha por ter a Robertinha à frente da estatística?
Robertinha: O programa que utilizo atende ao padrão internacional e, talvez, não tenha nada de diferente daquele comercializado na Europa, apenas as adaptações necessárias ao olhar do Bernardo, à sua visão de jogo. Hoje, ele tem as suas necessidades adaptadas e ajustadas. No recente Mundial da Itália, apenas Brasil e França utilizaram seus próprios programas. Hoje, depois de 13 anos de trabalho, eu e o Bernardo falamos a mesma língua em termos de informação. Ele baseia tudo em estratégia e procuro entregar todos os dados de acordo com a sua ótica. Nós temos em comum o fato de estarmos sempre buscando algo novo, diferente. A estatística pode até não ter o reconhecimento dos dirigentes, mas é vital para levar um time ao lugar mais alto do pódio.

Qual o país que você mais gostou de conhecer, já que tem passado a maior parte da vida viajando?
Robertinha: O Japão. Já estive lá cerca de 20 vezes desde que comecei a trabalhar com estatística. Se largasse o vôlei e parasse de viajar hoje, certamente sentiria falta de ir a Tóquio, uma cidade que considero fascinante.

Qual a competição mais marcante ao longo de sua carreira?
Robertinha: Os meus primeiros Jogos Olímpicos, em Atenas, em 2004. Além da emoção que o lugar transmite, a seleção masculina estava vivendo um momento muito especial. A sensação era de que eles jamais perderiam um jogo e a campanha culminou no ouro olímpico. Uma competição inesquecível.

Divulgação

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