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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

(SUPERLIGA) Sheilla fala sobre Unilever, superliga, seleção e familia

Considerada uma das melhores e mais belas jogadoras do esporte mundial, a oposta Sheilla Tavares de Castro, de 27 anos, começou a jogar vôlei nas aulas de educação física do colégio em que estudava em Belo Horizonte (MG), sua cidade natal. O professor Olyntho Nunes Júnior logo reconheceu o potencial da menina tímida e sorridente e a levou para um teste no Clube Mackenzie. Era o ano de 1997 e o início de uma carreira brilhante, coroada com o título nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.

Em clubes, além do Mackenzie, Sheilla defendeu o Minas Tênis Clube (em que integrou a equipe adulta com 17 anos); o Scavolini Pesaro, da Itália, durante quatro temporadas; e o São Caetano (SP), nas duas últimas. Na temporada 2010/11 é uma das novas contratações da equipe Unilever e terá a oportunidade de trabalhar pela primeira vez com o técnico Bernardinho.

Na seleção brasileira adulta, Sheilla iniciou sua trajetória em 2002, tendo conquistado, além do ouro olímpico, quatro títulos no Grand Prix (2005/06/08/09) e dois vice-campeonatos mundiais (2006/10), entre outras vitórias. Nesta entrevista, a jogadora fala de sua numerosa família, garante que nunca pensou em ser modelo e revela os dotes culinários.

Como está sendo sua adaptação à equipe Unilever e ao estilo de trabalho do técnico Bernardinho?

Sheilla: O Bernardo é um dos melhores profissionais do mundo e tenho muito que aprender com ele. No primeiro treino, as meninas perguntaram se eu conseguia entender o que ele estava dizendo em quadra, pois ele fala rápido. Entendi perfeitamente, pois também falo muito rápido desde pequena. A Unilever está entre as melhores equipes do Brasil, totalmente consolidada e com uma estrutura invejável. É um grupo amigo, que me recebeu muito bem. Além das jogadoras da seleção principal (Fabi, Dani Lins e Carol Gattaz), já conhecia algumas das meninas que integram as seleções de base, como a Carolina. Também lembro que, certa vez, ainda no Mackenzie, o meu técnico me apresentou uma jovem jogadora, que na época devia ter seus 16 anos, dizendo que acreditava muito em seu potencial e em sua evolução. Essa pessoa é a meio-de-rede Mara. Hoje, somos colegas de equipe.

Depois de ser campeã olímpica, o que a motiva a buscar novos desafios?

Sheilla: Eu gosto de jogar, não preciso de muita coisa para me motivar. Na verdade, a cada ano surge um novo desafio. Buscar o título da Superliga pela Unilever é um deles. Após o Mundial do Japão, estava muito chateada. Depois, analisando de cabeça fria, fiquei com muito orgulho de ter conquistado a medalha de prata. Foi uma temporada difícil, perdemos a Mari, a Paula (Pequeno). Se formos olhar tudo o que superamos, foi uma vitória.

Qual sua expectativa para a Superliga Feminina 2010/11?

Sheilla: Talvez seja a edição mais equilibrada de todos os tempos. Os talentos estão bem distribuídos pelos times. As equipes que mais mantiveram as jogadoras foram Osasco e Pinheiros. As demais, como a Unilever, se renovaram. Particularmente, estou muito motivada. Sempre foi um desejo pessoal jogar na Unilever. Quero ser campeã e vou fazer de tudo para chegar à final.

Fale um pouquinho sobre sua família.

Sheilla: Fui criada pela minha avó, Terezinha, desde os 3 anos. Minha mãe (Mônica) trabalhava e a vó não gostava de me deixar com a babá. Eu e meu irmão mais novo, o Vítor, hoje com 25 anos, acabamos indo morar com ela. Nossos pais se separaram e ganhamos outros três irmãos, dois por parte de mãe, a Raquel, de 23 anos, e o Gabriel, de 15, e a Lorrany, também de 15, por parte de pai. Sempre que falo da família não deixo de falar na Milena, minha prima e afilhada, que todo mundo diz que é a minha cara. Quando estou com a seleção, sempre sinto muita saudade de casa.

Quais as conquistas que mais marcaram a sua vida?

Sheilla: O ouro olímpico foi a principal delas, sem dúvida. O primeiro sonho é chegar à seleção adulta. Depois, subir ao lugar mais alto do pódio em uma Olimpíada é a realização de qualquer atleta, algo indescritível. Nem sei como explicar. O título no Campeonato Italiano na temporada 2007/08 foi outro momento marcante. Eu defendia o Scavolini Pesaro, que era uma das equipes mais fortes do mundo na época, com várias jogadoras estrangeiras. Naquele ano, perdemos só um jogo, por 3 a 2, durante toda a temporada. No Minas, conquistei o título da Superliga em 2002/03. Enfim, são vários momentos especiais.

Você é uma mulher bonita. Já pensou em ser modelo?

Sheilla: Não, nunca pensei. Sou tímida demais para isso. Já fiz alguns trabalhos fotográficos (books), todos para mim mesma. Eu me acho uma pessoa normal.

Não só no Brasil, mas também no Japão, você tem uma legião de fãs. A que atribui esse sucesso?

Sheilla: Sempre joguei muito no Japão com a seleção brasileira e acho que o meu sorriso e a minha alegria em quadra acabaram chamando a atenção de quem gosta de vôlei no país. Tóquio é uma cidade legal. Sei que me admiram e também tenho enorme carinho por eles, um povo muito educado. Já recebi convites para jogar lá, mas é distante demais. Seria muito difícil alguém da minha família conseguir ir me visitar. Quem sabe, um dia...

Já está adaptada ao estilo de vida carioca?

Sheilla: Estou morando em Ipanema, zona sul do Rio, que é um bairro bem legal, com muitas facilidades. Voltei da seleção já prestes a estrear na Superliga. Portanto, minha rotina tem sido treinar, descansar e treinar. Nas folgas, gosto de ir à praia. Recentemente, estive na Praia da Macumba (Recreio dos Bandeirantes) e em Itacoatiara (Niterói). Tenho uma cadela, a Mel, e essas duas praias são legais de visitar porque é permitido levar cachorro.

Você sabe cozinhar?

Sheilla: Gosto de cozinhar, mas não gosto de arrumar a bagunça da cozinha. Sei fazer bem risoto e massas. Aprendi na Itália. Também aprecio comida japonesa e churrasco.

Quais são seus planos?

Sheilla: Por enquanto, meu futuro é jogar. Não penso muito no que vai acontecer lá na frente. Terminei o Segundo Grau e gostaria de, um dia, fazer faculdade de Engenharia Civil ou Arquitetura.

Divulgação

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